Atirei aquele cigarro que acariciava meus lábios e rasgava a minha garganta, sorvia meus pulmões. Ressequidas baforadas vieram em seguida, acompanhadas de uma tosse lancinante que mutilava minhas cordas vocais. O sangue escorria pela minha boca fétida, os dentes enegrecidos de sangue coagulado, a boca seca. As gengivas passaram a latejar, a pulsar como um ser com vida. Caí de joelhos sobre o asfalto esburacado. Havia chovido a pouco. Olhei-me na poça e não reconheci o que vi. Um líquido pastoso, de cheiro horrível e enegrecido pôs-se a gorgolejar agora das minhas entranhas, das vísceras. Os olhos amarelados de uma languidez ofensiva, esbugalhados, quase a saltar para fora das órbitas. Ainda assim, podía-se distinguir a pureza de suas matizes, intacta... Só fui estuprado por uma centena de maços!
I.B.
3 comentários:
Me senti bem com essa experiência. Talvez por ter refletido algo de tão próximo do meu alcance..
Por incrível que pareça, fala sobre amor.
E é nítido
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