Duas crianças se encontraram certo dia, os olhares tímidos não escondiam a avidez de seus corações, corações inflamados de ideais e sonhos sob perspectivas alheias, que partiam de pontos diferentes e convergiam no mesmo ponto. Uma delas estava ansiosa para mostrar as belezas de seu lar, a outra para aprender o máximo que podia e regressar para seu longínquo país. O vento cochichava para as árvores enquanto eles percorriam as estradas úmidas e cantarolantes da terra onde o Sol dorme sobre. Ás vezes o silêncio se apresentava como um livro de milhares de páginas e as crianças continuavam a andar, contemplando cada pedaço de vida que ocorria naquele momento em todo o mundo. Mas para eles, em seu microcosmo, em seu jardim de mangueiras e cajueiros, todo o mundo se apresentava ali naquele instante, uma barreira impenetrável os protegia daqueles olhares examinadores e julgamentos mesquinhos que estavam habituados a conviver eras antes. As crianças foram felizes em um milésimo de segundo de existência, e os olhares tímidos e impenetráveis revelavam a dor da despedida. Mas eles sempre conheceram essa condição, tive que aprender a aceitá-la (embora nunca compreender). As crianças tinham uma outra vida para viver, em outro lugar, outros ares, cercadas pelos reflexos desfigurados do homem: as sombras. Estariam acolhidas em uma outra realidade, aonde seus corações inflamados, não passam de pulmões sufocados. Mas, cada um havia presenteado o outro com seu calor e com um pedaço do espaço. Toda vez que o pequenino anfitrião olhar para sua lua, ela estará olhando também. O mesmo céu em terras diferentes. E é isso que os mantêm ligados desde o início, através de seus olhos tímidos e gargalhadas vigorosas, nós sempre tivemos o mesmo céu...
“Verde”
10/08/07
Val
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