domingo, 7 de fevereiro de 2010

Golden Clouds

The sky's incredibly beautiful today. It's golden! And invades my room filling it with its golden light! And I smile at it and the rainbow far behind the clouds, trying to scape my eyes, hesitatingly smiles back at me. It's all so beautiful...

But something is dark inside. Just as the clouds closest to the horizon, my thoughts get darker and darker by the second as I try to reach the tomorrow. Keep asking myself what will it be like, the tomorrow. The rainy clouds give me a clue....

From golden explosions of light to dark rainy clouds. Just a few seconds separate such different realities. So easy to cross the borderline. I wish it was a bit harder.... The other side is somewhat colder. But I don't feel its blades on my skin. Feel'em in my flesh reaching for my bones, my soul... What happens if I let it...?

Wish I could talk. If you had not shut me up with your words I'd probably be screaming for help right now. It's so dark. The light's gone. I feel dizzy and sleepy. I might be a little drunk yet. Think I'm just gonna close my eyes and let it go. Why fight back...?

Have a good night you.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Papo cabeça


Êxtase! Foi o que senti quando revirava suas tripas em busca de algo, como quando procuramos desesperados por algum objeto em gavetas totalmente desarrumadas. Não encontrei nada. Apenas orgãos e líquidos viscosos e sangue... Muito sangue! Me disseram que eu encontraria a verdade, que ela estava no âmago das pessoas, a essência ou algo do tipo. Tudo bem, tudo bem... Levar ao pé da letra propositalmente para me divertir com tripas é um tanto cômico e egoísta da minha parte. E esses são os dois elementos que eu sempre misturo na receita do meu cotidiano. Sempre rubro! Mas hoje, eu me senti mal!

Não suportava a ideia de ter trucidado aquela mulher, isso estava me atormentando. Decidi me livrar de todas as roupas e ferramentas que utilizei na sua execução. Tentar expurgá-la de meus pensamentos. Foi em vão! Os dias se passavam e eu passei a evitar todos os lugares por onde passei até chegar à casa dela, que foi onde cometi o crime. Dessa vez um crime legítimo, pois eu estava a pagar por ele. O problema de eu não conseguir me livrar daquela mulher, daquela alma penada, era que eu ainda era eu. Carregaria eternamente aquele fardo a não ser que...

Decepei ambas as mãos, pois foi através delas que eu apunhalei e estripei a mulher. Por alguns dias a dor me fez esquecer, mas então ela voltou a me atormentar. Lembrei que para chegar lá havia usado minhas pernas... Decidi decepá-las também! Vários dias se passaram e eu não conseguia me livrar daquela sensação pós-homicídio que nunca havia sentido antes. Enfim, eu perdi o meu cabaço! Não sou mais um insensível virginal! Acho que a busca pela tal verdade que tanto ouvi falar acabou de avançar algum capítulo da minha história. Foi naquelas tripas que eu encontrei um pouco de humanidade dentro de mim.

Hoje, sou apenas uma cabeça imóvel, sem tronco, braços, pernas, depositada em um sofá diante de algum DVD do Tim Burton que se repete indefinidamente com o passar das horas... Descobri tarde demais para aproveitar minha sensibilidade natimorta. Estreei o tapete vermelho das emoções sem ter o direito de usar um terno. Todas essas revelações tem o seu preço e eu paguei o meu!


Pintura de Guilherme de Faria

I.B.