E sobre sua carne inscrevo esse epitáfio
Tinjo seu couro com o fluido que pulsara em minhas artérias
Eu quem uma vez amou aquecido por lágrimas em um sofá
Agora estou aqui em meu último suspiro
Pronto para dar lugar a um outro
E sobre sua carne inscrevo esse epitáfio
Sopro-lhe em seus ouvidos instruções de como preservar-me contigo
Eu quem disse coisas doces e afetuosas para um amor autêntico
Jaz aqui uma carcaça em decomposição
Não temo que reste tudo ao meu herdeiro
E sobre sua carne inscrevo esse epitáfio
Enquanto repousa, eu caminho por entre as tumbas de ontem
Palpitavam como se prestes a serem lacradas de seu interior
Cavarei a minha própria alcova
Amo-lhe plenamente e por isso não tenho pesares
E sobre sua carne inscrevo esse epitáfio
E por isso me despeço de ti
E por isso me desfaço em teu sono
E por isso me permita o adeus à minha amada
E por isso me conceda a liberdade
E sobre sua carne inscrevo esse epitáfio
I.B.
2 comentários:
lindo!
idéia muito bacana a sua!
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