sábado, 1 de novembro de 2008

O viajante de pés descalços


Lembranças
Memórias
Esvaindo
O calor
Aqueles olhos que já não vejo aqui
O passeio de risadas e pedaladas
Empatia secreta que nos foi roubada
As chuvas que me esperavam do lado de fora
O sol que nos castigava e teimava a adormecer
Companheiro Sol que testemunhou tantas coisas belas
E a Lua que as viu amadurecer
Tanto receio, Tanta solidão, Tanta companhia
Aqueles olhos, Aquele rubro intenso que proferia palavras de um doce canto exótico
Árvores que me acolhiam os pensamentos
Acalmavam meu corpo
O presente que deixei timidamente para me ligar às memórias póstumas de um quem que vagueou pelas selvas urbanas de uma Amazônia ferida
Pelas matas verdes e densas de mistérios estuprados pela vontade de falsos deuses mortais
Mas eu vi aqueles olhos
Por vezes tristes
Mas a vida que havia neles incitava a felicidade nas regiões mais remotas
Até mesmo num perdido solitário, No âmago de suas incertezas
Carrego a dor dos errantes
Dessa efemeridade que nos alfineta como a mais pesada das lâminas de um carrasco
A primeira memória a emergir
E a última coisa que hei de lembrar
Aquela boca
Aqueles...
Olhos
I.B.

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