sexta-feira, 3 de abril de 2009

Devaneio de um futuro incerto II


...Ela jamais voltaria. O amor não era o suficiente para deixá-los juntos. "Não faça isso comigo! Não vá enquanto me ama." Ergueu sua mão e esbofeteou seu rosto tentando lhe ferir a dignidade, tentando afastar o afeto, o respeito. Não conseguiu. Havia muito amor nesse gesto bruto. "Me odeie!" Por favor, me odeie!" Suas pernas trêmulas o forçaram a se ajoelhar e apoiando a sua cabeça em seu colo, pôs-se a chorar. Como um filho desafortunado nos braços maternos, aconchegando-se na carne de sua própria carne, em segurança. Ela não derramou uma lágrima sequer. Havia secado há dias quando tomou essa decisão, sentada sobre rochas, sob a lamúria do mar. "Me odeie" foi a última coisa que ela ouviu ao se dirigir à porta. A coisa mais intensa que ela já ouviu. Ao fechar a porta detrás dela, escorrera uma lágrima... de seu olho esquerdo.

I.B.

Um comentário:

Two Wrecked Minds Full of Thoughts disse...

Na verdade o texto original acabaria ao fechar da porta, mas achei injusto ela não poder verter suas próprias lágrimas... Escolhi o olho esquerdo por minha ligação íntima com esse lado. Mas na verdade deveria ter sido o olho mais tímido a derramar a tal lágrima.