- Quanto é um mais um?
Um menino levantou sua mão sem titubear.
- Dois!
Todos os seus colegas se puseram a gargalhar, até mesmo o professor acompanhou aquele coro zombeteiro. Apontavam seus dedos para seu corpo desprotegido no meio da sala, atiravam papeizinhos em sua cabeça.
- Vou repetir mais uma vez - tentava conter o riso - quanto é um mais um?
- Dois - insistiu o menino.
A sala estava em polvorosa. Todos gritavam em reprovação e o menino se punha cada vez mais encolhido no meio daquele tribunal de infantes. O professor não se manifestava contrário ao que estava acontecendo, pelo contrário, juntava-se às crianças e proferia palavras que menosprezavam a inteligência do menino.
- Quanto é um mais um, classe?
- Três! Três! Três!
- É dois!
- Três! Três! Três! Um mais um é três!
As gargalhadas cresciam como um enxame sobre a cabeça do menino. O desespero era grande demais, estava sufocado diante daquela que seria a verdade mais absurda que já havia ouvido. Para ele era tão óbvio como a certeza de que o sol sempre nasceria toda manhã.
-Três! Três! Três! É três!
- Dois! Dois! Dois!
Mas, o coro das outras crianças era maior. Suprimia a sua voz, sua convicção, sua resistência e não durou muito até que o menino levantou-se com todas as suas forças.
- É três! É três!
A sirene tocou, mas dessa vez ninguém se levantou correndo como de costume. O menino atravessou a porta da sala e nunca mais foi visto por ali.
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