sexta-feira, 17 de abril de 2015

Ódio

Dói em mim saber da dor que te aflige o ventre
Quando sequestra novamente meu sono já tranquilo
O amor que se sentindo roubado, traído, esculachado
Se transfigura em raiva, ódio que toma o peito
Ódio que sufoca meu sono
Que me aquece o corpo
Que endurece minha alma
Que me enlutece o coração, tão essencial pra o que me sou
Te sou
Te fui...
Cinco verões me vem como cinco estações sem sol
O único sol que pulsa agora é essa raiva mista
Desmedida
Essa insônia
Esse ódio
Quando vou me perdoar por ter sido feliz?
Pois, pra mim tudo não passa agora de ilusão
Seria tão líquido e inconsequente esse seu impulso egoísta
Ou o tempo, cinco verões é só um breve momento como o cair de uma gota de chuva?
Mais outra ilusão?
A liberdade é assim um anseio tão déspota?
Que para o papagaio de asas cortadas é uma lembrança já esquecida
E não são mais sonhos que me comovem
Eles morreram
Foram sepultados
É o fantasma que volta, o da sua confusão
Não é meu
Mas, sou arrastado por essa alucinação
E não há paixões em meus devaneios
São distrações
Só ódio e amor
Um amor odioso
Um ódio amoroso
Que te surpreenderia em uma noite insana
Prematura
Natimorta
Rasgando-lhe a decência
Sangrando a carne
Prometendo um sol que queima o peito de uma galáxia inteira
Sob o frio torrencial da chuva em uma noite agitada
Procurando sequestrar a ti
De um saguão de incertezas

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