sábado, 13 de dezembro de 2008

Aos cem...

No exato momento em que nasci, completei meu centésimo ano de vida.
Ao deitar os olhos sobre o mundo, não me surpreendi com o que vi. Conhecia tudo, conhecia a todos. Conhecia a mim...
Conhecia, enfim, o que jamais havia visto, o que nunca vi.
Os longos anos da minha breve existência, agora sei, vieram e se foram numa fração de segundo divinal.
Hoje, cem anos após, sinto que desaprendi tudo o quanto conhecia ao nascer.
As velhas lições, as esqueci.
A sabedoria de outrora já não me pertence.
Morro imerso na escuridão, que a antiga luz de há muito já se apagou.
Vago, lentamente, embora sem dificuldades, rumo ao ventre aconchegante da minha amada Mãe.
O Velho que nasci, morreu Criança...
P.M.

2 comentários:

ra.quel passos disse...

Gostei, gostei bastante do blog, da intenção, dos títulos, das descrições..Adorei mesmo. Vou adicioná-los à minha listinha para sempre que puder, acompanhar seus devaneios e compartilhá-los com os meus também!
:)
Enquanto isso...sigo num deleite só; com as leituras dos textos de vocês, pessoas pseudônimas!!


Que dupla!
beijos,

Olhodolago disse...

Esse texto, foi o que mais me cativou
até porque velhice é o estado humano, em que gera uma beleza singela e crua,manchada e pura... A começar pelos olhos e adentrando a alma...

Partindo disso, acho bonito quem consiga vivenciar. Seu tato do tempo é muito preciso e interessante...

Gosto sim do tátil, sou extremamente corporal, gosto de contato pele, suor... minha alma é muito ligada ao corpo; não separo nunca... e isso certamente reflete nos escritos. Sobretudo... muito obrigada

Igor é sim de sensibilidade fantástica.