domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma história de ninar


Era uma vez...

A força que atingi a nuca da merda daquele palhaço foi tão grande que sua coluna cervical partiu ao meio como manteiga! Não podia deixar que ele fosse o responsável por alargar ainda mais o sorriso daquelas crianças. Tão encantadores... Eu poderia fazer isso com a minha navalha, rasgando seus lábios até o fim de suas bochechas. Iriam sorrir eternamente, mesmo durante toda a dor que estariam sendo acometidos. E o mais belo de tudo é que minhas mãos seriam responsáveis pelo enlarguecimento de seus sorrisos! Podem me chamar de assassino, sádico, mas prefiro me considerar um artista. Reproduzo a arte através da dor. Minha dor, nossa dor. Um pintor de tragédias, um escultor do sofrimento, um ator sem máscaras.

Entrei no salão e haviam vários balões e pirralhos, e pais, e conversas chatas sobre como eles investiriam tal recurso em quê e etc. Meu irmãozinho estava logo ali com seus amiguinhos e eu não poupei tempo. Com bastante cuidado eu comecei a balear todo mundo com a semi-automática que havia pego emprestado no quartel onde eu servia, sempre preocupado em não atingir o meu irmãozinho. Acho que em meio a todo aquele frenesi eu acabei me excedendo um pouco e atingi o meu irmão na cabeça, papocando os seus miolos para todos os cantos. Devo confessar-lhes que foi o momento mais infeliz da minha vida! Caí em prantos e por alguns momentos pensei em estourar os meus próprios miolos a ter que conviver com aquele crime... Eu só queria dar-lhe o presente mais magnífico que um irmão poderia lhe dar, algo memorável: uma boa história para ser contada para seus filhos.

Desenhos de Mark Ryden

I.B.

Um comentário:

Raquel Passos disse...

!
"arte sem máscara"

- o último relato coincide com um outro anterior, sua intenção seria preocupar-se com o investimento de uma continuidade no aproveitamento da espécie, assim como o papo chato que tava rolando no salão anteriormente... vc destrinchou o "etc" utilizado.