andava nog pelas ruas. e muitos nogs via. uma porção deles no ponto de ônibus. outros em mesas de bar, ébrios. e por mais que aquilo pudesse ser bizarro, eles todos estavam confortáveis com aquela situação. centenas de milhares de um mesmo. com os mesmos sentimentos e pensamentos. uma terra de nogs. houvesse quem pensassem que pensando igual se vai pra frente, e talvez fosse verdade. mas com nog era diferente. quando estava com sede, bebia toda a cidade. quando estava com fome, todos os nogs comiam. e quando chegava o sono a única coisa que se ouvia na cidade era o ressonante ronco de nog.
achava aquilo perfeito. a mais plena paz. mas, como a paz que é plena é também efêmera, ela se foi... foi-se em meio aos gritos de nogs que lotavam as praias. foi-se junto com o ecoante ronco dos estômagos famintos de nog. foi-se na música que nog cantarolava e fazia toda a cidade tremer, pois eram centenas de milhares de vozes simultâneas.
e faltou comida. faltou água. faltou lugar de lazer. cada nog achava-se único em meio aos outros, achava-se rei. e com isso cada nog passou a odiar todo e qualquer nog exceto a si mesmo. dava pra sentir na atmosfera, no ar, a eletricidade gerada numa troca de olhar. e o tempo fez-se tenso. muito tenso. nenhum até então havia agido contra outro, não fisicamente, sabia o que os outros pensavam, sabia o que todos pensavam.
mas um dia além de água e comida, além de espaço ou alegria, faltou também paciência. e no exato segundo em que isso ocorreu, cada nog avançou contra o próximo nog. simultaneamente. e no meio daquele pandemônio nog sentiu o golpe, a lâmina curta e fria. "maldito nog! me esfaqueou! MALDITO". mas quando olhou para o próprio ventre era sua própria mão que segurava, com muita força, o cabo da faca. lentamente aqueles milhares de nogs, e suas bocas que cuspiam sangue, iam ao chão. "o que eu fiz?"
Leonardo Nogueira
http://descomunog.blogspot.com/
Um comentário:
esse cara devia fazer um roteiro sobre isso... poderia ter um desenvolvimento interessante..
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